Sonia Guajajara será ministra dos Povos Indígenas

Foto: Léo Otero

Brasília, 29 de Dezembro de 2022 – O presidente Lula confirmou agora a criação do Ministério dos Povos Indígenas e anunciou a nomeação da líder indígena, Sonia Guajajara como ministra. O convite foi formalizado nesta quarta-feira (28) a noite, numa reunião em Brasília onde o presidente fez o convite diretamente à Sonia que, como já vinha declarando, aceitou o posto, ciente do desafio que terá pela frente.

 

“Me sinto muito honrada e feliz com essa nomeação. Mais do que uma conquista pessoal, esta é uma conquista coletiva dos povos indígenas do Brasil, um marco na nossa história de luta e resistência. A criação do Ministério dos Povos Indígenas é a confirmação do compromisso que o presidente Lula assume conosco, garantindo a nós autonomia e espaço para tomar decisões sobre nossos territórios, nossos corpos e nossos modos de viver”, declara Sonia.

 

Em 2018 Sonia Guajajara foi candidata a vice presidência da República compondo a chapa com Guilherme Boulos, abrindo a discussão dentro do movimento indígena para a importância de ocupar a política. Não foi eleita , porém trouxe a pauta indígena e ambiental para o centro do debate político e prosseguiu ampliando a visibilidade e a incidência dos povos indígenas no Brasil. Neste ano de eleição, atendendo ao chamado da APIB, assumiu o compromisso de aldear a política brasileira, lançando, junto a outras candidaturas indígenas, sua campanha à deputada federal pelo estado de São Paulo, se tornando a primeira deputada indígena eleita no estado e a indígena com a maior votação da história.

Internacionalmente reconhecida por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, seus territórios e por sua luta pelas causas socioambientais, Sonia é do povo Guajajara/Tentehar, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Fez parte da Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e atuou como coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). Também integrou o GT dos Povos Originários e foi parte fundamental na construção do relatório que mapeou as principais demandas e prioridades para os povos indígenas, como a demarcação de terras – completamente paralisada desde que Bolsonaro assumiu a presidência.

Sonia também é conselheira da Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais – Conselho vinculado à ONU e participa, desde 2009, das discussões climáticas desde seu território até as Conferências Mundiais do Clima (COP) e há anos leva denúncias ao Parlamento Europeu, entre outros órgãos e instâncias internacionais. O que reforça seu potencial e relevância em estar à frente do primeiro Ministério dos Povos Indígenas do Brasil, dada a consolidada visibilidade internacional conquistada por ela, lhe garantindo, inclusive, um lugar entre as 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista americana Time (2022).

 

“O Brasil está no centro das discussões sobre a crise climática e, apesar de nós, povos indígenas sermos apenas 5% da população mundial, somos responsáveis por mais de 80% da proteção ambiental do mundo. Por isso, meu trabalho como ministra será também o de pleitear recursos estrangeiros que possam contribuir com a preservação ambiental dos biomas brasileiros e apoio às demandas dos povos tradicionais no Brasil e no mundo”, conclui Sonia.

 

 Apesar do PSOL, partido pelo qual Sonia foi eleita deputada federal, ter decidido não compor nenhum ministério do próximo governo, a nomeação de Sonia já era esperada pelo partido que, corroborou numa carta de apoio, a indicação da nova ministra, dada a importância da criação do Ministério dos Povos Indígenas e do reconhecimento do incansável trabalho de Sonia em defesa dos direitos dos povos.